A famigerada Santa Ceia
Este texto não é sobre Olimpíadas, mas você deveria ler mesmo assim
❗️A famigerada Santa Ceia
1.
Eu não gosto de polêmicas, quer dizer, um pouco eu gosto. Minha alma é meio futriqueira. Eu não gosto é das consequências das polêmicas e fuxicos. Geralmente eu não sou a pessoa que cria a polêmica, mas eu vejo ela passando na minha frente e acabo embarcando. Depois me arrependo. Eu sei que não leva a lugar algum, e ainda tenho que lidar com as críticas e a imagem negativa que deixo pras pessoas. Por isso eu tenho evitado ao máximo polêmicas. Quero distância justamente por saber que é gatilho.
Problema é quando você programou um Workshop sobre Santa Ceia e recebe a ingrata supresa do tema ter virado trend não só na bolha cristã, mas na mídia em geral por conta das Olimpíadas.
E, aí? Entro na polêmica?

2.
Durante estas férias tiramos um tempo para visitar alguns amigos. Você já sabe que esse tem sido assunto por aqui há mais tempo, então não adianta escrever e falar e continuar sem fazer nada. Ossos do ofício teológico o assunto à mesa de amigos no ministério acaba sendo algo relacionado a igreja. Um deles comentava comigo sobre sua percepção de que a Igreja em geral estava deixando de tratar de frente o pecado e suas consequências. A igreja terceirizou na era da cultura terapêutica as consequências do pecado para os terapeutas, coaches, e gurus. Bem ou mal são eles que estão ajudando as pessoas a lidarem com as dores emocionais e traumas que nós mesmos nos infligimos.
Deixa eu explicar isso melhor.
3.
Byung Chul-Han, meu teuto-coreano favorito, insiste em vários dos seus livros a respeito de uma superação da lógica opressor-oprimido. Para ele não estas categorias não fazem mais sentido na era do espetáculo, do hiperconsumo, da transparência e da informação. Não estamos mais sendo oprimidos por uma classe acima de nós. Na grande rede global — que não é de computadores, mas de pessoas — nós somos opressores de nós mesmos. Trabalhamos até que o pavio da nossa alma se apague e então burnout, que quer dizer literalmente em inglês que queimamos até o final. Não há mais recursos disponíveis em nós mesmos para continuar. Nós nos consumimos, pois nós mesmos somos o produto.
Veja meu exemplo. No passado eu seria um professor, aquela coisa de sala de aula, corrigir trabalhos, dar notas, paletó surrado, alunos te acham fora de moda. Hoje tenho que ser um creator. Mas o que o povo quer não são as minhas “criações”, senão a minha vida, minha alma. Eu tenho ser influencer. Por isso preciso escrever, produzir, gravar reels, ter métricas, converter. Eu sou o produto na sua prateleira e você que me lê é meu consumidor.
Este modelo de sociedade — que no fundo só reflete quem nós somos — está acabando justamente com aquilo que ela prometeu melhorar, a nossa vida.
4.
E, ai? Você se admira ou se espanta com a Santa Ceia nas Olimpíadas? Eu não. Nada mais do que esperado. O ser humano não suporta a doação, a entrega e a comunhão plena do Deus-homem, que incluiu até seu traidor. Deus se doa a nós, nós o rejeitamos e o crucificamos. Nós — humanidade — o matamos, não os outros, não foram os aliens.
Comunhão só tem lugar na sociedade hiperindividualista e consumista se for para consumir mais. Veja o shopping ou esses parques cheios de foodtrucks. Você se reune numa mesa comum, mas não partilha nada. Cada um celebra o cálice da diversidade alimentar, onde não há nada comum. A diversidade é a celebração do hiperindividuo que basta a si mesmo. Por isso a Ceia de Cristo precisa ser subvertida, pois nela o Deus-homem se doa, se esvazia, se entrega como alimento, mas não como produto! Quando Jesus vira produto, marca, branding, então estamos falando de Cristologia ariana. Ario acreditava que Jesus era uma criatura, não o filho gerado do Pai. O Jesus da diversidade não é o filho de Deus, mas um produto das marcas do nosso tempo.
Cuidado, portanto, para não tornar Jesus em produto do hiperconsumo religioso, o que, no fundo, torna nossa cristologia igual a das Olimpíadas.
5.
Perceba que as opções que temos hoje não são diferentes da época de Lutero. Eles brigavam por poder oferecer o Cálice para todos, não só para os sacerdotes. Hoje o pão e o cálice foram completamente subvertidos e substituídos por qualquer coisa. Dessacralizamos a Ceia por causa do pragmatismo, o culto pelo “alcance missionário”, a teologia por respostas prontas, e nos admiramos quando o mundo quer dar o próximo passo e dessacralizar a vida!
6.
Eu não gosto de polêmicas, mas tem horas que a gente precisa discernir quais brigas temos que comprar!
📚 Para onde vamos?
DESTINO: Teologia. Se você, como eu muitas vezes, tem bloqueio na hora de ler, sente dificuldade para aprender sozinho e gostaria de ir mais fundos nas suas leituras teológicas, então você pode aproveitar o Clube Teologia do Alemão. Todo mês um workshop para você aprender comigo e um grupo muito animado sobre teologia, leitura e vida.
Hoje 30/07 vamos ler Lutero sobre a Santa Ceia. Um trecho do escrito “Do Cativeiro Babilônico da Igreja”. O texto em PDF e muito mais você pode acessar através da comunidade exclusiva.
Vem comigo hoje 30/07 20h00 pelo Zoom.
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DESTINO: INVISTA NAS CRIANÇAS. Se você, como eu, gosta de ler para seus filhos, mas quer de dar um novo impulso eu sugerir que você siga a @bel.coimbra no Instagram e também dá uma olhada no canal dela no YouTube.
Aproveite também pra conhecer o método dela para você selecionar, ler e acompanhar este processo maravilhoso com seus filhos: Conheça aqui
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O importante é que continuemos falando da Santa Ceia.
(Gosto de ver as correlações que você cria).